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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Apenas um quadrado...Lego

Uma peça importante porém não menos que as demais...

Em meados dos anos 2000 foi o inicio de um aprendizado que será algo importante em toda a minha pouca vida e certamente me fez evoluir na minha condição de ser humano, ser capaz, de ser a busca e de saber que se eu não fizesse o necessário, jamais chegaria onde eu queria.

Diante dessa busca eu me via aos finais de semana em uma praia onde acampávamos, eu e alguns amigos, toda a trip sempre era divertida, mesmo nos momentos difíceis, tirávamos de letra todo o processo, por que acampar, não é apenas montar sua cabana e pronto tudo certo, rs, tem uma série de coisas importantes a serem executadas, as refeições, lavar a louça, entre outras....

Nessa minha iniciação ao surf aprendi que o professor sempre está a quilômetros de distância do aluno, hilário, por que digo isso, vão entender, rs, meu professor me explicou tudo certinho muito bem explicado:

- Brother você faz assim e depois assim, e quando fizer isso depois faz aquilo, rs, claro que ele já fazia isso a muitos anos, desde a sua infância, mas eu apenas tinha praticado andar de skate e minha noção era básica iniciante para subir em um prancha, aliás, para remar até atravessar a rebentação e depois disso então sentar na prancha e esperar uma onda.

Eram ondas intermináveis na minha cabeça, uma após a outra, e eu olhava para meu professor e pensava não pode ser tão difícil assim, ele ia e voltava, uma onda atrás da outra e eu quando pensava que ia conseguir, tomava mais uma na cabeça e girava, esse processo me deixava exausto mas não desistia de tentar, foram alguns dias assim, até que um dia as ondas baixaram e estava mais fácil de entrar no mar para ao menos tentar correr uma onda, ufa, atravessei a rebentação, e agora?

Vamos lá, tentei sentar na prancha e logo escorreguei, tentei de novo, e fui tentando, durante algum tempo fiquei deitado na prancha e esperei uma onda, tentei remar para pega-la, remei, remei e remei, não deu certo, então remei de volta para onde eu estava e tentei sentar de novo, mas dessa vez eu consegui, bem desajeitado, mas consegui, e eu fazia uma força tremenda para me manter ali sentado, as vezes uma pequena marola já me derrubava, chegava a ser cômico, mas eu me sentia muito bem com aquele aprendizado, e progredia conforme a frequência aumentava, passei a ficar mais tempo onde as ondas eram menores e me atentar ao que os outros ao meu redor faziam.

Não só aprender esses pequenos detalhes, mas também ficar bem distante dos outros que já sabiam pegar ondas e que não toleram muito o fato de você estar aprendendo ali onde todos já sabem surfar.

Muito difícil ficar ali e não atrapalhar, mas acontece, eles também tiveram que aprender algum dia, então cada um no seu nível de evolução certo!

Diante desse cenário ainda tenho muitos insights que me ajudam bastante, naquele convívio entre surfistas eu costumava ouvir assim, nossa brother você viu aquela onda fechou na minha cabeça, e aquela vala que você pegou era gigante e logo você estava na parede, coisas desse tipo, e eu sem entender sempre pensava que um dia eu saberia tudo isso, no entanto eu parava em frente ao mar e alongava seguindo os mais experientes, dai eu ficava olhando eles entrarem no mar, alguns pareciam um motor, outros iam bem mais devagar, mas todos chegavam até que rápido do outro lado da rebentação.

Eu ali com olhar fixo para o mar, uma, duas, três ondas, um período sem , ondas, depois mais ondas, dai então penso, está na hora de entrar lá vou eu, fui, fui, fui, voltei, girei, tomei outra na cabeça, meu Deus quando vou conseguir?

Pode até parecer bobagem, mas a primeira vez que eu consegui eu estava completamente conectado com o mar, disciplinado e disposto a conseguir, então peguei aquela prancha, uma mono quilha que meu amigo e professor me havia emprestado, fui e remei, veio uma onda, furei com um joelhinho (manobra feita para furar a onda) bem tosco, mas deu certo, comemorei, dai então fui, mais um joelhinho, mais uns dois ou três e ali eu estava junto dos outros mais experientes, então sentei na prancha e esperei para pegar a minha onda, mas a vista ali de cima era bem diferente da outra que eu tinha olhando quando estava na areia, era incrível, parecia o Havaí e as ondas na minha visão eram muito maiores do na realidade, pensei e agora, como vou pegar uma onda desse tamanho, meu coração começou a se desesperar foi então que eu vi um outro rapaz também iniciando e que naquele momento tentou pegar uma dessas ondas, eu olhei aquilo e achei o máximo, antes mesmo dele tentar subir na prancha já havia descido junto com o lip (a ponta da onda que vem lá de cima com toda força), fiquei fissurado, foi o pontapé inicial, esperei mais um pouco e me juntei a esse meu amigo e os dois entre vacas e reto sides estávamos nos divertindo.

E claro depois de um dia exaustivo estávamos todos felizes com a nossa performance, mesmo não sendo das melhores.

Tudo isso vai ser sempre motivo pra eu me sentir feliz e realizado!

Meu aprendizado foi que primeiro tenho que respeitar aquele lugar para fazer parte dele, que segundo tenho que integrar como um todo fazer isso interagindo com aqueles que já estão ali a algum tempo e conhecem como funciona, como fluem as energias ali, e em terceiro sabre que sou apenas um pontinho minúsculo ali e que todo o meu esforço vai ter uma ligação gigante do meu corpo com a minha mente e fluir de uma forma tão grandiosa que fica difícil explicar, só quem pega onda vai saber do que estou falando.

Essa peça que divulgo aqui é apenas um pedacinho de outras que ainda virão, mas que já aconteceram...

Em breve mais uma peça dessa minha pouca vida.

FB - 18/06/2020


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